sexta-feira, 6 de agosto de 2010

POESIA/ Texto de Floriano Martins

COSTELAS DE EMILE BRONTË


O teu sorriso ia desaparecendo no fundo de meu olhar.
Aos poucos já não distinguia os acenos de tua memória.
Eu disse que viria quando o sol te ensinasse a brilhar,
porém as nuvens foram me guiando para um outro ninho de escombros.
Um pequeno mercado de cicatrizes. Noite recostada em uma árvore.
A pele abandonando os cuidados com a vida que ainda guarda em si.
O tempo remodelando as sombras esquecidas sob os corpos.
A dor se aproxima como um raio. Já não escuto mais nada.
Deixo a tua mão sobre meu peito, sem saber ao certo o que ainda podes fazer por mim.
Livro-me por um segundo ou dois do mistério da morte,
mas logo recupero as vozes confiscadas por antigos presságios.
Jamais dissemos o nome do deus que faltou com sua palavra.
Aos poucos já não distinguia as cores de tua ausência.

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COSTILLAS DE EMILE BRONTË

Tu sonrisa iba desapareciendo en el fondo de mi mirada.
Al rato ya no distinguía los gestos de tu memoria.
Yo dije que vendría cuando el sol te enseñase a brillar,
sin embargo las nubes me fueron guiando hacia otro nido de escombros.
Un pequeño mercado de cicatrices. Noche recostada en un árbol.
La piel abandonando los cuidados con la vida que aun guarda en sí.
El tiempo remodelando las sombras olvidadas bajo los cuerpos.
El dolor se aproxima como un rayo. Ya no escucho más nada.
Dejo tu mano sobre mi pecho, sin saber de verdad lo que aun puedes hacer por mí.
Me libro por un segundo o dos del misterio de la muerte,
mas pronto recupero las voces confiscadas por antiguos presagios.
Jamás dijimos el nombre del dios que faltó con su palabra.
Al rato ya no distinguía los colores de tu ausencia.

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poema & fotografía | floriano martins
traducción | gladys mendía

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA/Física para poetas

Por Jóis Alberto


Física para poetas – Uma forma diferente de conhecer a Física” foi o título do mini curso, do qual eu participei dentro da programação geral da 62ª Reunião Anual da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada na semana passada (25 a 30/07/2010) no Campus central da UFRN, em Natal (RN). O curso foi ministrado pelo professor Adilson de Oliveira, da UFScar – Universidade Federal de São Carlos (SP) e contou com a participação de cerca de 30 inscritos, estudantes não só de Física mas também de outras áreas – como é o meu caso que atualmente concluo uma segunda graduação, desta vez em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas; e sou mestrando em Ciências Sociais, pela UFRN.
O mini curso teve como objetivo motivar o interesse pela Física, usando novas formas de divulgação científica. No caso, numa abordagem sem o uso de conceitos matemáticos profundos para mostrar que é possível motivar pessoas a entenderem Física, ao mesmo tempo que procura desmistificar o caráter de disciplina difícil e pouco atraente. O uso da metáfora foi um dos recursos metodológicos utilizados pelo professor, procurando sempre fazer uma conexão das idéias da Física com outras áreas do conhecimento, em particular a Arte e a Música, com uso de muitas imagens e sons no datashow da sala.
Ao final, foi feita uma avaliação do curso em questionário da SBPC, além de o professor ter aberto para comentários. Eu elogiei o mini curso, disse que o evento havia atendido às minhas expectativas, porém achei que faltou mais poesia criada por poetas, já que o professor usou muitas letras de música, em especial de Gilberto Gil e de Caetano Veloso, que, é claro, mais do que letristas, são dois grandes poetas contemporâneos. O professor justificou que o curso tem esse título, mas a intenção maior é de abordar essencialmente a Física, o que compreendi, afinal se prevalecesse a literatura teria que ter outro título: Poesia para Físicos, por exemplo... Sugeri alguns poetas brasileiros que abordam conceitos de matemática e física em alguns dos seus trabalhos. Recomendei, em especial, o nosso grande surrealista Murilo Mendes...
No Brasil, além do competente e talentoso professor Adilson de Oliveira, outros têm usado esse recurso de divulgação científica para um público mais amplo, dentre os quais um dos mais famosos é Marcelo Gleiser, a quem o professor Adilson de Oliveira – colunista no site do Instituto Ciência Hoje (http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio) nada deixa a dever. Na minha modesta opinião de estudante, outro nome que se destaca na divulgação científica para um público mais amplo, mais interdisciplinar, é do engenheiro e físico Luiz Pinguelli Rosa.