sábado, 8 de agosto de 2009

CRÔNICA/Texto de Luiz Gonzaga Cortez

Candelária tem boêmios que gostam de poesia

Luiz Gonzaga Cortez


No bairro de Candelária, zona sul de Natal, há dezenas de bares e botecos, lanchonetes e mercearias para todos os gostos e preferências dos seus moradores. Intensa vida noturna. Diversos boêmios e tipos folclóricos gravitam e/ou curtem o conjunto construído em 1975. Há bares que funcionam em antigas casas, perto de pracinhas e fundos de quintais, outros localizam-se na principal avenida da capital, a Prudente de Morais, que fecham as portas quando se retira o último freguês. Existem bares apropriados para uma conversa amena, troca de idéias e realização de negócios, assim como há locais onde o barulho impera por causa das possantes caixas de som que poluem o ambiente.
O bar da zuada, como é mais conhecido um dos locais mais populares entre os apreciadores de cervejas e cachaças, tem barulho, mas se conversa numa boa. A zuada é proveniente da gritaria peculiar a alguns boêmios seridoenses. Fica no chamado “triângulo das bermudas”, numa área que compreende a Avenida da Integração, Prudente de Morais e ruas Raposo Câmara e Cruz e Souza. Há outros “triângulos” etílicos no bairro, mas o Bar de Nequinho é conhecido pelos “altos decibéis” do vozerio dos caicoenses que baixam no terreiro de Sr. Neco, um homem muito paciente e cordato com a clientela. No “triângulo das bermudas” estão o Bar de Nequinho, de “seo” Chico, de Niel (Bar São Tomé), Bar da Tesoura, Bar de Lopes, Bar da Saideira, da expulsadeira, do violão e outros mais, além dos churrasquinhos.
Como qualquer bar brasileiro, as conversas giram sobre todos os assuntos e problemas possíveis e imaginários, os temas abordados podem mudar em questão de segundos e as fofocas sobre a vida alheia, política e futebol dominam as preferências. Não escapa ninguém. Os boateiros inveterados gostam de falar de quem está grávida (sem estar), de quem está fumando maconha ou traficando (sem procedências), de quem faliu, dos cornos, dos papudinhos em geral e dos que estão devendo nos bares. Assim como começa, essas conversas terminam sem nenhuma conclusão, sem brigas. Tudo numa boa, às vezes.
O conhecido bar do barulho cordial, o de Nequinho, se fala alto os principais temas do noticiário da mídia do dia. Quem está fora do fuzuê verbal, à primeira vista, pensa que o pau vai baixar, mas o dono, Nequinho, fica olhando e rindo. “È assim mesmo, já estou acostumado”, costuma dizer.
Não se pode esquecer dos cordelistas, poetas e contadores de histórias de vários matizes. Antonio Morais da Silva, quase nonagenário, natural de Caicó, freqüenta o Bar da Tesoura ( nome já diz tudo) e Antonio Severino Filho, paraibano, baixa no Bar de Chiquinho. O contador de histórias fantásticas Hermany Dantas, Toinho das Bolsas eCadinha são figuras do pedaço.
Antonio Severino quando está inspirado, sai do trivial. Indagado sobre quem era, ele respondeu: “Sou uma pessoa que adora uma caninha/para saciar os meus desejos/ seja Pitu, Carangueja/Cinqüenta e Um ou Rocinha/Começo de manhãzinha/vou até ao entardecer/bebendo para esquecer/sem nenhuma alacridade/durmo e sonho com a eternidade/mas sem pensar em morrer”. “Muito bem, poeta! Tome cinco”, grita um parceiro de birita.
No bar da Tesoura, a clientela é da 3ª idade, mas se joga baralho, se ouve Hortêncio Nóbrega cantar e tocar violão. Os caicoenses gostam muito de futebol. Antonio Morais da Silva fez uma trova envolvendo um jogo entre o Caicó Esporte Clube e o Atlético Clube Corinthians, intitulada A Raposa e o Galo. O mote: A raposa comeu o galo sem tirar nenhuma pena. Glosa: Pegamos pelo gargalo/em pleno Avelinão/ sem dó e sem compaixão/ a raposa comeu o galo./Aproveitando o embalo/naquela tarde serena/com tranqüilidade plena/já no começo do ano/o galo entrou pelo cano/sem tirar nenhuma pena”.
Candelária tem outros versejadores, como Sr. Massena, Bonifácio Soares (está no “estaleiro”, isto é, em tratamento de saúde), José Saldanha, André Batista, José Rego e Manuel Azevedo, vulgo Mané da Retreta, autor do “Cordel da Cachaça”, um misto de professor, músico e poeta, natural de Santana do Matos/RN.


Luiz Gonzaga Cortez é jornalista e pesquisador. É autor de livros publicados em Natal sobre integralismo e comunismo. O texto acima foi enviado por Cortez como colaboração a este blog, cujo titular, Jóis Alberto, desde já agradece publicamente a iniciativa, democratizando ainda mais este espaço na internet.

POESIA/ Um poema de V. Khliebnikov

Poesia de vanguarda de Vielimir Khliebnikov (1885/1922)

Aleteando com a ourografia
Das veias finíssimas,
O grilo
Enche o grill do ventre-silo
Com muitas gramas e talos da ribeira.
- Pin, pin, pin! – taramela o zinzibér. *
Oh, cisnencanto!
Oh, ilumínios!

(Tradução de Augusto de Campos e Bóris Schnaiderman, In: “Poesia concreta – Literatura Comentada”, de Iumma Maria Simon e Vinicius Dantas (orgs.), São Paulo: Abril Educação, 1982)

*“Do russo zinzivér. Segundo nota do autor, passarinho que habita margem do rio” (nota dos organizadores da antologia).

NOTÍCIA/Lançamento literário

LULA NA LITERATURA DE CORDEL

Jóis Alberto


O livro “Lula na Literatura de Cordel”, do poeta Crispiniano Neto, será lançado às 20h deste domingo (09/08/09) no estande do Jornal de Fato durante a 5 Edição da Feira do Livro de Mossoró, logo após o poeta tomar posse na Academia Mossoroense de Letras. Editado pela editora Queima-Bucha, daquela cidade, o livro, que já foi lançado em Natal, Brasília, Rio de Janeiro e outras capitais, relata diversos momentos da trajetória política e pessoal do Presidente Lula. O volume tem 10 capítulos divididos em temáticas, como: as lutas do movimento sindical, as campanhas de Lula, as vitórias, Programas do Governo Federal e aliados políticos do líder petista, como a Governadora Wilma de Faria e o Deputado Estadual Fernando Mineiro.
Além de cordéis do próprio Crispiniano, poetas populares de todo o país estão representados no volume. Para escrever o livro, Crispiniano Neto fez uma pesquisa e selecionou trabalhos que melhor representavam momentos marcantes do Presidente Lula, que já é uma das cinco figuras mais cantadas pelos poetas populares, juntando-se ao grupo formado por Padre Cícero, Lampião, Frei Damião e Getúlio Vargas.
A impressão número 01 do livro Lula na Literatura de Cordel foi entregue em mãos ao Presidente da República durante o evento de posse de Crispiniano na ABLC - Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Além do trabalho como escritor, Crispiniano Neto é presidente da Fundação José Augusto (FJA), órgão cultural do Governo do Rio Grande do Norte.

POETA ENGAJADO

Crispiniano Neto já publicou cerca de 150 folhetos de Literatura de Cordel Nordestina, dentre eles Meu Martelo, constantemente recitado antes de grandes reuniões sindicais em todo o Brasil. "A primeira vez que escutei isso foi na greve do ABC. Eram cantados de um lado para animar a peãozada, Crispiniano fazia a sua apresentação, depois a gente cantava "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré, e em seguida a gente cantava o Hino Nacional", lembrou emocionado o Presidente Lula durante a posse de Crispiniano Neto na ABLC - Academia Brasileira de Literatura de Cordel, em agosto do ano passado.
O poeta ocupou a cadeira número 26, cujo patrono é Câmara Cascudo, figura que mais escreveu sobre as origens da Literatura de Cordel. Sobre a posse de Crispiniano, o Presidente Lula declarou: "O companheiro Crispiniano fez por merecer esta honra, escrevendo ao longo da vida mais de 150 folhetos de cordel, sempre engajado na luta pela preservação desta arte popular brasileira." Crispiniano é o terceiro poeta norte-riograndense a se tornar imortal da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. O primeiro foi o poeta cordelista, cantor e compositor Marcos Lucenna, que ocupa a Cadeira Número 7, cujo patrono é o poeta e principal editor da Literatura de Cordel, João Martins de Athayde; o segundo foi o poeta Antonio Francisco Teixeira de Melo, que ocupa a Cadeira no. 15, patronímica de Patativa do Assaré. A ABLC homenageia outro norte-riograndense, também folclorista e escritor, Veríssimo de Melo, que é patrono da Cadeira de número 16, ocupada pela poetisa Adriana Cordeiro Cavalcanti.

TRAJETÓRIA DE SUCESSO

Nascido em 22 de fevereiro de 1956, em Santo Antônio (do Salto da Onça) – RN, Crispiniano Neto é filho de José Ireno de Lima (agricultor, plantador de fumo e político) e Rita dos Santos de Lima (comerciante). Tem formação como Engenheiro-agrônomo e é Bacharel em Direito, com Especialização em Língua Portuguesa – Leitura e Produção de Textos. Crispiniano é militante político, sendo membro da direção estadual do PT e em sua trajetória também atuou como cooperativista, líder estudantil e sindicalista.
É jornalista provisionado, assinando coluna diária (Prosa & Verso), no Jornal de Fato, de Mossoró. Tem 11 livros publicados, um CD e os cerca de 150 folhetos de Literatura de Cordel com mais de dois milhões de exemplares espalhados pelo Brasil e outros países. É dramaturgo, com dez peças de sua autoria, dentre as quais se destaca O Auto da Liberdade. É membro da Academia Mossoroense de Letras e do Conselho Estadual de Cultura, do Fórum dos Secretários e Dirigentes de Cultura dos Estados do Brasil, preside a Comissão gerenciadora da Lei de Cultura Câmara Cascudo do RN e representa o Fórum dos Secretários de Cultura do Brasil na Câmara Setorial do Livro e Leitura do Brasil.

SERVIÇO:

Lançamento do Livro Lula na Literatura de Cordel
Autor: Crispiniano Neto
Local: Estande do Jornal de Fato – 5ª Edição da Feira do Livro do Mossoró
Data: 09 de agosto de 2009
Hora: 20h


FONTE: Assessoria de Comunicação Social da FJA.

POESIA/Um poema de Arnault Daniel

Arnault Daniel (1180/1210)


NOIGANDRES


Vejo vermelhos, verdes, blaus, brancos, cobaltos
Vergéis, plainos, planaltos, montes, vales;
A voz dos passarinhos voa e soa
Em doces notas, manhã, tarde, noite.
Então todo o meu ser quer que eu colora o canto
De uma flor cujo fruto é só de amor,
O grão só de alegria e o olor de noigandres*.

(Tradução de Augusto de Campos. In: “Poesia concreta – Literatura Comentada”, de Iumma Maria Simon e Vinicius Dantas (orgs.), São Paulo: Abril Educação, 1982).


“ Noigandres, enoi gandres – expressão provençal, de sentido incerto. Num de seus Cantos – o XX – Ezra Pound narra este diálogo que teve com o notável provençalista alemão Emil Lévy a respeito da enigmática palavra: “...Sim, Doutor, o que querem dizer com noigandres?/E ele disse: ‘Noigandres! NOIgandres!/Faz seis meses já/Toda noite, qvando fou dormir, digo para mim mesmo:/Noigandres, eh, noigandres/Mas que DIABO quer dizer isto!’ ” . (Nota dos organizadores da antologia).

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

NOTÍCIA – Espetáculo de Dança

“Estilos”, um espetáculo do clássico ao contemporâneo

“Estilos” é o título do espetáculo de danças que será apresentado às 20h deste sábado (08/08/09) no Teatro Alberto Maranhão, Ribeira. O espetáculo reúne repertórios da Companhia de Dança, do Grupo Clássico e do Grupo Infantil da Escola de Dança daquele teatro. A maior parte dos trabalhos coreográficos é de autoria de artistas potiguares, como Anádria Rassyne, Silvia Rodrigues, Erika Rosendo, Cosme Gregory, Tomás Quaresma, além de coreografias clássicas de balé.
O espetáculo é uma viagem por alguns estilos da dança, dentre os quais a dança contemporânea, os balés clássico e de repertório. Os três grupos são núcleos que pertencem à Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM), administrada pelo Governo do Estado e vinculada à Fundação José Augusto (FJA). Coordenada pelas professoras Márcia Bulhões, Solange Gameiro e Wanie Rose, a EDTAM é responsável por um importante trabalho de inclusão social e atualmente recebe em sua sede 650 alunos.

Companhia de Dança

Sob a Direção Artística da Professora Wanie Rose, a Companhia de Dança atualmente é composta por 15 bailarinos na faixa etária dos 18 aos 25 anos de idade, e em seus 11 anos de atividades artísticas tem desenvolvido um trabalho de dança contemporânea, buscando uma liberdade de movimento aliada a um domínio técnico corporal utilizando expressões e movimentos menos formais.

Grupo Clássico

O Grupo clássico da EDTAM tem como direção Artística a Professora Solange Gameiro. Este grupo desenvolve um trabalho de técnica do balé clássico com 14 jovens na faixa etária dos 14 aos 17 anos. Desde a sua criação em 2005, participa de festivais nacionais, como: Festival de Joinville (SC), Passo de arte Norte-Nordeste (CE), Festival Internacional de Indaiatuba (SP). O Bailarino Diogo Gonçalves, de 15 anos, foi o grande destaque nos últimos festivais recebendo premiações de bailarino revelação, e sendo selecionado para o concurso do YAGP (Youth America Grand Prix) em Nova York, que acontecerá em março de 2010. Este mesmo bailarino, juntamente com a bailarina Josemara Macedo foram aprovados na audição da escola do teatro Bolshoi no Brasil que aconteceu em julho passado, em Joinville, durante o festival de dança.

Grupo Infantil

Este grupo foi criado no ano de 2006 e tem como Direção Artística as professoras Pepita Liparotti e Márcia Suene. É composto por um grupo de crianças na faixa etária de 9 a 11 anos, onde além da técnica clássica, se trabalha com coreografias utilizando o lúdico na sua sistematização.

SERVIÇO

ESPETÁCULO: ESTILOS
LOCAL: Teatro Alberto Maranhão, Ribeira.
DATA: 08 de agosto de 2009
HORA: 20 h
INGRESSOS: R$10,00 (Inteira) e R$5,00 (meia)
INFORMAÇÔES: 3232-9726 (EDTAM)

Fonte: Assessoria de Comunicação Social da FJA.

POESIA/ Poema de Dorothy Parker

UMA ROSA PERFEITA
(A perfect rose)


Dorothy Parker

Só me deu uma flor desde que me encontrou,
Assim pura e tão fiel, orvalhada e cheirosa,
Que mensageira terna e feliz ele achou:
Uma perfeita rosa.

Da linguagem da flor descobri o segredo:
“trago o seu coração na corola mimosa”!
De há muito o amor tomou para seu amuleto
Uma perfeita rosa.

Nunca ainda ninguém pensou em me oferecer
Um perfeito automóvel... pois, teimosa,
Foi sempre sina minha apenas receber
Uma perfeita rosa.

FONTE: Antologia “Oiro de vário tempo e lugar (De São Francisco de Assis a Louis Aragon)”. Versão por A. Herculano de Carvalho. Porto-Portugal: O oiro do dia, 1983.

NOTÍCIA- Mandato popular na Câmara Municipal de Natal

Vereador George Câmara (PCdoB/RN)
leva ações do mandato à praça pública


Jóis Alberto

Uma das características mais importantes do mandato do vereador de Natal, George Câmara (PCdoB/RN) é a de apresentar projetos inovadores e de grande interesse popular, como o da criação, instalação e funcionamento do Parlamento da Região Metropolitana, bem como a permanente prestação de contas das atividades desse mandato popular. A mais conhecida forma dessa prestação de contas é a Rede da Cidadania, constituída por eleitores, correligionários, simpatizantes e demais interessados. Na data do reinício dos trabalhos legislativos na Câmara Municipal de Natal, em 03/08/09, o mandato de George Câmara lançou em praça pública, no centro de Natal, o Gabinete de Rua.
A programação do evento, bastante participativa, teve como ponto alto a prestação de contas dos primeiros seis meses do Mandato Popular do PCdoB e do povo de Natal, além da reafirmação de compromissos, e, ao mesmo tempo, a constituição de uma tribuna livre para os movimentos sociais e populares, destacando-se a participação dos movimentos sindical, comunitário e da juventude.
George Câmara, que está no segundo mandato de vereador, atualmente é presidente do Parlamento Comum da Região Metropolitana de Natal, que reúne vereadores de municípios que formam a chamada Grande Natal.


FONTE: Assessoria de Comunicação Social do vereador George Câmara.

POESIA – Mais um poema de Mallarmé

BRISA MARINHA
(Brise marine)

Stéphane Mallarmé

A carne é triste e eu, ai! já li todos os livros,
Fugir! Fugir pra longe. Ouço as aves aos gritos
Ébrias na espuma ignota e sob o céu, em bando!
Nada, nem vãos jardins nos olhos se espelhando
Retém meu coração que se embebe de mar,
Oh noites! nem a luz da candeia a alumiar
O deserto papel que a brancura defende;
Nem mesmo jovem mãe que seu filho amamente.
Hei-de partir! Vapor em marítimas crises,
Iça o ferro e faz rumo a exóticos países,
Um Tédio triste, em cruel e inútil esperar,
Crê no supremo adeus dos lenços a acenar.
Que os mastros, porventura, atraindo presságios,
São os mesmos que um vento inclina nos naufrágios.
Soltos no mar, no mar, sem ilhas nem esteiros.
Mas ouve, coração, cantar os marinheiros.

FONTE: Antologia “Oiro de vário tempo e lugar (De São Francisco de Assis a Louis Aragon)”. Versão por A. Herculano de Carvalho. Porto-Portugal: O oiro do dia, 1983.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

NOTÍCIA/Estética e ontologia da arte

CRÍTICO DE ARTES, LUIZ CAMILLO OSÓRIO
MINISTRA MINI CURSO E FAZ PALESTRA NA UFRN


Jóis Alberto

Luíz Camillo Osório, um dos mais renomados críticos de artes do Brasil, está em Natal desde ontem (quarta-feira, 5/08/09). Ele veio a convite da Coordenação do Programa da Pós Graduação em Filosofia (PPgFil) da UFRN para ministrar mini-curso sobre “Estética e política”, dentro da área de estudos de “Estética e ontologia da arte”, destinado a alunos daquela Pós Graduação. O mini-curso, aberto também a estudantes da graduação, foi iniciado na tarde de quarta-feira, no auditório do curso de Filosofia, no prédio do CCHLA – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, e prossegue na sexta-feira (7/08) à tarde no mesmo local, a partir das 15h. Nesta quinta-feira (6/08) à noite, Luis Camillo faz palestra acerca do assunto. Mais informações sobre os eventos na Secretaria do PPgFil pelo fone 3215 3643. E-mail: ppgfil@cchla.ufrn.br.
Doutor em Filosofia pela PUC/RJ, professor universitário, com atuação como crítico de artes na imprensa carioca (“O Globo”, “Jornal do Brasil”), Luiz Camillo é grande conhecedor das vanguardas artísticas do século 20 e durante o mini curso tem feito uma abordagem essencialmente filosófica, ontológica da história dessas vanguardas, desde os impressionistas à pluralidade artística contemporânea, a partir das influências de pioneiros como Picasso, Marcel Duchamp (este, com o ready made); Man Ray, Picabia; a arte pop de Andy Wharol; passando pelas contribuições de vanguardistas brasileiros como Flávio de Carvalho, Abraham Palatnik e Hélio Oiticica, dentre outros grandes artistas. No primeiro dia do mini curso, ele se deteve mais nas análises da estética em Kant (na “Crítica do juízo”) e traçou um paralelo, comparando diferenças e afinidades, entre Kant e pensadores contemporâneos, como Ranciere, Baudrillard, e Walter Benjamin, sem esquecer também dos aspectos políticos da arte.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

NOTÍCIA – Literatura e relações de Poder

Palestra sobre “o mito do canalha”
abre Festival Literário na Siciliano


Jóis Alberto


“O mito do canalha: comportamento e sexualidade” é o tema da palestra que o talentoso escritor e filósofo natalense Pablo Capistrano fará hoje (04/08/09) a partir das 20h na livraria Siciliano do Natal Shopping Center (BR 101, Candelária), abrindo o III Festival Literário de Natal, evento que prosseguirá até a noite de sábado próximo (08/08). Escritor premiado em concurso literário de órgão público cultural natalense e já publicado em livro no eixo Rio-São Paulo, por editora conhecida nacionalmente, Pablo Capistrano abordará o tema na companhia de outro palestrante, Fabrício Carpinejar. A programação do evento é de ótima qualidade, com a participação de intelectuais famosos de Natal e bem sucedidos profissionalmente, como Daladier da Cunha Lima, Ivonildo Rego, Diógenes da Cunha Lima, Jussier Santos, Diva Cunha, Ana Laudelina, Vicente Serejo, e convidados de outras cidades, como o citado Carpinejar e Arnaldo Bloch, dentre outros.
Fiquei curioso com esse título da palestra de hoje: “O mito do canalha: comportamento e sexualidade”. Porque, até prova em contrário, ser canalha não é mito, é fato! Aliás, infelizmente fato bastante corriqueiro nos dias de hoje, onde no comportamento – no trabalho, por exemplo –, prevalecem muitas vezes relações baseadas no carreirismo, no arrivismo, em levar vantagem em tudo, na ingratidão mais infame, no salve-se quem puder! Esse tipo de canalhice, de patifaria, é mito ou realidade? Na sexualidade, a atitude canalha ocorre quando, ao invés de relacionamentos amorosos duradouros, de boa fé e respeito ao outro, o que prevalece é a mentira, a sacanagem, a “fuleragem”, a traição, a humilhação, o sadismo, o masoquismo... Claro, não quero ser hipócrita nem passar por tolo, tampouco “santinho” aqui e, por isso, questiono: quem nunca mentiu, nunca sacaneou, nunca traiu e foi traído na sexualidade? Tudo isso é mito? Não é realidade comum na vida de muita gente?
Uma das melhores abordagens teóricas que conheço sobre o lado canalha, medíocre, injusto, falso, bajulador de poderosos, mentiroso, preconceituoso, fascistóide que existe na maioria dos seres humanos, foi feita pelo grande psicanalista dissidente e marxista heterodoxo Wilhelm Reich, em livros antológicos como “Escuta, Zé Ninguém!” (Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1993, 11 ed.) e outros títulos, que geraram incompreensões à esquerda e maldições à direita... Quando falo em “lado”, dando a entender que existe um “outro lado”, não é maniqueísmo, já que existem vários “outros lados” em todo ser humano... Mas essa é uma metafísica, um psicologismo que deixo para quem domina mais o assunto: Pablo Capistrano.
Retornando à questão posta em debate: “o mito do canalha”! Bem, para eu nunca esquecer de superar o lado obscuro, irracional e que muitas vezes encara como coisa natural as injustiças, lado que às vezes existe em mim e, em graus variados, em todos nós, é que me lembro, sempre com emoção renovada, o grito do grande Walter Franco ao cantar “Canalha” sua célebre canção de protesto, em festival de música da TV na época da ditadura militar e das torturas:
“...É uma dor canalha/
Que te dilacera/
É um grito que se espalha/
Também pudera/
Não tarda nem falha/
Apenas te espera/
Num campo de batalha/
É um grito que se espalha...
É uma dor...” (e em seguida o indignado protesto em alto e bom som) “...CANALHA!!!”

A programação completa do Festival Literário é a seguinte:

04/08 (Terça-feira)

18h - Lançamento Revista O Poder
19h - O Magnífico
Daladier da Cunha Lima, Heriberto Bezerra e Ivonildo Rêgo
Mediador: Diógenes da Cunha Lima
Lançamento: O Magnífico - Uma biografia de Onofre Lopes
Diógenes da Cunha Lima

20h - O Mito do Canalha: Comportamento e Sexualidade
Fabrício Carpinejar e Pablo Capistrano
Lançamento: Terceira Sede
Fabrício Carpinejar

05/08 (Quarta-feira)

17h - Lançamento Vale Grande
José Jorge de Mendonça
18h - Lançamento
No Terreno da Fantasia: uma história do PCB nos anos de 1980
Bruno Rebouças e Roberta Maia
19h - Espetáculo Teatral
Sara Antunes
Monólogo
20h - Planejamento Turístico
Paulo Gaudenzi, Murilo Felinto e Dr. Jussier Santos
Mediador: Jurema Márcia Dantas
Lançamento: Planejamento & Experiências: turismo na Bahia
Paulo Gaudenzi

06/08 (Quinta-feira)
17h - Lançamento
Quem é Daniel Radcliffe
Clara Radcliffe
18h - Cangaço: No rastro da História
Ilsa Fernandes e Rostand Medeiros
Mediador: José Correia Torres Neto
19h - Sarau Potiguar:
Auta de Souza: a Noiva do Verso
Diva Cunha e Noilde Ramalho
Mediadora: Ana Laudelina
20h - A morte de Euclides da Cunha
Palestrante: Luíza Nagib Eluf
Lançamento: Matar ou Morrer - O caso Euclides da Cunha
Luíza Nagib Eluf

07/08 (Sexta-feira)
17h - Lançamento
Ensaio Poético
Ângela Rodrigues
18h - Sarau Potiguar:
Zé Saldanha: o cavaleiro medieval errante
Zé Saldanha e José Acaci
Mediador: Gutenberg Costa
19h - Gêmeas: não se separa o que a vida juntou
Palestrante: Mônica de Castro
20h - Bate-Bola
Marinho Chagas, Marcos Eduardo Neves e André Plihal
Mediador: Augusto César Gomes

08/08 (sábado)
17h - Lançamento
O menino sorriso e a bicicleta liberdade
Flor Atirupa
*dramatização com teatro de bonecos
18h - Grandes Pequeninos
Pocket Show com Jair Oliveira e Thania Khalil
19h - Jornalismo Literário e Biografias
Carlos Marcelo e Arnaldo Bloch
Mediador: Vicente Serejo
Lançamento: Renato Russo - O filho da Revolução
Carlos Marcelo
Lançamento: Os Irmãos Karamabloch
Arnaldo Bloch.