sábado, 13 de junho de 2009

POEMA/Casamento e a mulher ideal

CETICISMO CONJUGAL

Jóis Alberto

Do casamento sempre fui um cético
Porém, hoje, senti contentamento
Quando desejei a mulher ideal
Numa casa com jardim, biblioteca e quintal.

Para manter a felicidade do matrimônio
Usaremos o cartão de crédito com parcimônia.
Resistiremos, estóicos, a consumistas tentações,
Não nos estressaremos com partilhas e ações.

Faremos, com preservativos, o sexo seguro.
Seremos sinceros, fiéis, sem grandes ambições.
Assim, equânimes e maduros

Veremos os netos dos nossos três filhos;
E no crepúsculo da velhice
A morte esperaremos tranqüilos.

FONTE: Soneto publicado no livro “Poetas azuis paixões vermelhas amores amarelos” (Poesia e prosa), de Jóis Alberto Revorêdo (Natal: Sebo Vermelho, 2003)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O outono na visão de Rilke

DIA DE OUTONO
(Herbsttag)

Rainer Maria Rilke

Senhor, é tempo. O Verão foi muito longo.
Põe nos quadrantes já sombras escuras
e nas planuras larga o vento à solta.

Obriga os frutos a que se encham mais;
dá-lhes do sul inda dois dias quentes,
leva-os à perfeição e faze que entrem
no vinho denso as doçuras finais.

Quem não tem casa já não vai erguê-la.
Quem esteja só, fica mais só agora,
lendo, escrevendo cartas, altas horas
ou, dum lado para outro, na alameda,
inquieto andando, enquanto as folhas correm.